terça-feira, 16 de maio de 2017

9º DIA PONTEVEDRA - SANTIAGO DE COMPOSTELA

29 Abril 8h, tomei o pequeno almoço e fui dos últimos a sair do albergue, bebi um café no centro de Pontevedra e saí disparado para o Caminho, desde Redondela que já conhecia o trajecto que fiz à 6 anos quando fiz o Caminho Central.
Passaram uns km e eu sem ver o desvio para a Variante Espiritual acabei por parar num café uns 10 km depois, já lá estavam um casal de Brasileiros que conheci ontem  como eu tinham começado o Caminho em Lisboa de BTT eles também não tinham visto o desvio para a Variante isto é o resultado de andar de bike acabamos por andar mais depressa e muitos pormenores passam-nos ao largo estava fora de questão voltar para trás a Variante Espiritual vai ser feita noutra altura.
A próxima paragem foi em Caldas de Reis uma Vila termal com a sua fonte de água quente a jorrar à beira do Caminho óptima para aliviar o cansaço dos caminhantes pena que não exista nenhuma indicação ou informação, muitos passam sem dar pela temperatura da água.
Mais uns km e cheguei a Padrón terra onde segundo a lenda aportou a barca de pedra que trouxe o corpo de Santiago desde a Judeia onde foi decapitado.
Faltam pouco mais de 20 km para chegar a Santiago  por isso vai de pedalar que o destino estava já ali, segue-se por caminhos municipais reparem que os espigueiros são idênticos aos que se vêm no Minho segundo parece os Galegos têm mais afinidade com os Portugueses que com os restantes Espanhóis.
E agora que cheguei ao perímetro urbano da cidade de Santiago de Compostela deparo com uma bifurcação as setas indicam os dois lados dois peregrinos optaram pela esquerda que disseram ser mais fácil o teimoso optou pela direita como é óbvio.
Entrei na Praça do Obradoiro nas calmas sem grandes emoções mas muito satisfeito por ter feito os quase 670 km sem qualquer problema físico no tempo previsto, quando chegamos aparece sempre alguém para nos ajudar a tirar as fotos de consagração no centro da Praça onde vão dar todos os Caminhos de Santiago o próximo passo é ir à Oficina do Peregrino onde é feita a prova da Peregrinação e se recebe a Compostela.
Um Ateu também pode peregrinar o motivo não foi religioso mas sim ESPIRITUAL porque faz bem ao EGO é uma prova de Superação de Força de Vontade.

PEREGRINO tem raiz do latim, per agrum  - através do campo.

TRAJECTO STRAVA

                                       















O CAMINHO NÃO ACABOU, CONTINUA ...


segunda-feira, 15 de maio de 2017

8º DIA S.PEDRO DE LA RAMALLOSA - PONTEVEDRA

28 Abril  9h saída do albergue sem sítio de jeito para tomar o pequeno almoço porque o comércio abria às 10h nestas alturas recorro ao que levo as barritas o chocolate e água e um café tirado da máquina automática é o suficiente.
O Caminho segue até Redondela sempre por meia-encosta com a vista de mar, passa-se por antigos caminhos e estradas de aldeia numa dessas estava eu a comer um pão acabado de comprar chegaram duas austríacas perguntaram onde o tinha comprado porque não tinham passado por nenhuma padaria eu lá disse que era um tipo que andava de carro a deixar o pão pelas portas - não sei se perceberam-  quis dar metade do meu mas elas não aceitaram , entretanto vem o padeiro de volta da aldeia faço-lhe paragem e elas ficaram contentíssimas com o pão fresco comprado no Caminho.
Quando estamos perto de antenas ou eólicas é sempre bom sinal quer dizer que estamos no ponto mais alto e a partir daí é sempre a descer até à próxima subida lol em Vigo continua a excelente vista sobre as Rias Baixas.
Chegado a Redondela este Caminho Português da Costa entronca com o Caminho Central Português que também parte do Porto segue por Barcelos Ponte de Lima a temível Serra da Labruja e entra em Espanha por Valença ou seja se até Redondela de vez em quando aparecia algum peregrino a partir daqui a vista de peregrinos no Caminho é constante, encontrei uma sul-coreana sozinha que ia para Fátima e tinha começado o Caminho na França.
Em Arcade depois da ponte comi  umas tapas aqui já estávamos vários portugueses o normal é o pessoal aproveitar para beber umas cervejas o dia estava quente e ao contrário do habitual chuva nem vê-la e ainda bem.
Cheguei cedo a Pontevedra o Albergue tem duas camaratas grandes cerca de 58 camas no Verão costuma ser "ampliado" para o pavilhão desportivo de uma escola no centro de Pontevedra, como podem ver nos albergues é costume as botas e sapatos ficarem à porta é uma questão de higiene e para o pessoal não ficar anestesiado durante a noite.
Fui dar uma volta pela cidade à procura do Caldo Galego que acabei por comer em Santiago, em Espanha ao fim do dia os parques e jardins enchem-se de pais e filhos ao contrário de Portugal onde se sai da escola tarde e se vai para casa.
Foi neste albergue que mais portugueses se juntaram éramos uns 10 e à noite pelas 21h30m já todo o Albergue dormia menos nós  Portugueses que ficámos no terraço na conversa e a beber até perto das 24h ás 6h da matina acordamos todos.
Estou decidido como estou muito bem e faltam pouco mais de 70 km e tenho 2 dias porque saí de Lisboa um dia mais cedo para o caso de ser necessário vou a seguir a Pontevedra desviar pela Variante Espiritual que caso não tenha barco de Vilanova de Arousa a  Pontecesures vai acrescentar perto de 30 km ao meu caminho.


TRAJECTO STRAVA














7º DIA  CARREÇO - S.PEDRO DE LA RAMALLOSA

27 Abril  8h  hora de sair depois de tomar o pequeno almoço no albergue e deixar a louça lavada, quase todos os albergues disponibilizam uma cozinha e alguns produtos de borla e outros que pagamos deixando lá o dinheiro.
Passado poucos km encontrei o Tante com a dona e um cavalo curioso aqui o Tante ladrou-me no albergue queria festas, estava a fazer bem o trabalho de proteger a dona.
Passagem por Vila Praia de Âncora mais à frente avistei o Forte da Ínsua pelas 11h já estava em Caminha hoje a Nortada continuava a empurrar-me para Sul mas o meu destino é para Norte.
Fui ver o horário do ferry  que depende da maré e zarpava para a Galiza ás 12h 30 deu tempo para almoçar num tasco humilde barato e bom, é meu costume quando chego a qualquer lado perguntar onde comem os locais e costuma dar bom resultado.
O ferry levava 3 bicicletas e +- 25 pessoas a maioria peregrinos de mochila ás costas e com a passagem para Espanha o dia perdeu 1 hora.
Como em Portugal o Caminho segue junto ao Mar o Mosteiro de Oia é o primeiro grande monumento que encontramos na Galiza.  Ao fim de 20 km parei no Albergue Solidário de Mougás para fazer uma visita ao Xabier Garrido o responsável com quem à uns tempos tinha trocado mensagens na página do Caminho da Costa no FB.
Quando passei em Oia tinham-me dito que seguiam mais à frente um grupo de peregrinos Portugueses tinham chegado à pouco a este albergue e fui-lhes falar é que  mais de 500 km depois de ter saído de Lisboa foram os primeiros Portugueses que encontrei a fazer o Caminho.
A visita foi rápida porque eu ainda queria subir o monte na direcção de Baiona, a estrada com uma ciclovia segue no fundo por lá era mais fácil mas se o Caminho está marcado pelo monte sobe-se o monte, não procuro facilidades mesmo depois de mais um dia de Nortada.
Cheguei ao Pazo Pias pela ponte românica fiz o check in arrumei a bike  tomei o banho retemperador lavei a roupa e fui jantar, o custo dos albergues varia entre zero euros e quinze que foi o caso de hoje com a vantagem de ser um quarto privado e a desvantagem de não se socializar com os restantes hospedes.

TRAJECTO STRAVA















domingo, 14 de maio de 2017

6ª DIA VILA DO CONDE  - CARREÇO

26 Abril 8h 30m saída de Vila do Conde na direcção do mar chegado à praia estava fresco e lá tive de tirar da mochila a camisola mais o impermeável que foram imprescindíveis para o que se ia passar foi  um dia de luta contra a Nortada que é um vento forte por vezes com rajadas que sopra no litoral de Norte para Sul.
Hoje foram muitos os km feitos nos passadiços  a maioria com a indicação de proibição de passagem de bicicletas mas enfim um Peregrino para seguir o Caminho por vezes tem de pecar ou seja não cumprir a lei quando elas são estúpidas, num dia de semana e fora da época balnear não me parece que venha mal ao Mundo que haja uma sã convivência entre bikes e caminhantes.
Chegado a Esposende procurei a Propedal para trocar as pastilhas de travão da roda traseira e soube que seguia na zona um Peregrino de muletas passado uns 2 km encontrei-o e falei com ele, Polaco com uma perna amputada abaixo do joelho tinha começado no Porto o Caminho 300 km sozinho de muletas com uma pequena mochila ele foi a prova de que aquilo que eu estava a fazer não era nada de especial comparado com a força e determinação que ele tinha de ter.
Desde o Porto que o percurso tem sido espectacular sempre perto ou ao lado do mar até à Praia de Suave Mar aqui as marcações levam-me para o interior na direcção do Rio Neiva sigo por um bosque muito verde que ladeia o rio atravessa-se pela Ponte do Sebastião uma ponte singular onde falei com uma peregrina perguntei-lhe a nacionalidade respondeu Califórnia ( não se quer misturar com Trumpalhadas lol) vivia em Nova Iorque mas admira muito Portugal por ser limpo e seguro.
Sobe-se até à Igreja Paroquial de Santiago de Castelo de Neiva, - reparem que o nome "Santiago" é uma constante seja para denominar ruas igrejas ou sítios ao longo do Caminho são séculos de história sempre presentes - e depois é sempre a descer até entrar em Viana do Castelo pela Ponte Eiffel aqui a Nortada continua a fazer-se sentir.
Viana tem um centro histórico muito bonito lanchei por lá e dei umas voltas para encontrar o Caminho ao contrário do que se possa pensar é mais fácil encontrar os sinais as setas as indicações do Caminho nos campos nos trilhos nas aldeias que nas cidades.
Mais uns 10 km e estava no Carreço ao encontro do Albergue Casa do Sardão o jantar foi uma bifana e uma cerveja no café da colectividade da aldeia.
Os hospedes um Português um Russo 3 Alemãs e um cão o Tante um peregrino alemão que não sabe bem o que anda a fazer no Caminho.

TRAJECTO STRAVA















sábado, 13 de maio de 2017

5º DIA  S. JOÃO DA MADEIRA - VILA DO CONDE

25 Abril 7h30 como sempre sou o último a sair do albergue é que gasto mais tempo a arrumar a mochila envolvê-la num saco plástico e colete reflector e por fim segurá-la no suporte da bike e por vezes esqueci alguma coisa dentro ou fora e tenho de repetir a operação, enquanto faço isto vou-me despedindo do resto do pessoal com o invariável  Goodbye, I'll catch you , depois durante o Caminho quando os reencontro é que é a despedida definitiva.
A pouco mais de 30 km da área urbana do Porto o Caminho segue quase sempre por ruas e estradas secundárias mas encontrei uma Calçada  Romana  e uns bons trilhos na Serra de Canelas já no Concelho de Vila Nova de Gaia.
Mais uns km e estava a chegar ao Porto pelo tabuleiro superior da Ponte D. Luís I  tirei as fotos da praxe e segui para a Sé do Porto onde carimbei a Credencial  e assisti ao show de uma gaivota que esteve largos minutos a posar para as fotos, a gaivota foi embora e eu também, desci pelo Bairro da Sé por ruas estreitas e a saltar alguns degraus à vista de alguns turistas asiáticos que estariam a pensar que eu já tinha idade para ter juízo lol e parei na Ribeira que actualmente é a sala de visitas do Porto renascido com o Turismo.
Voltei a cruzar o Douro desta vez pelo tabuleiro inferior da Ponte D. Luís I passei pelas Caves do Vinho do Porto e fui almoçar à Afurada  com o Reinaldo um dos escuteiros que fez comigo o Caminho em 2011.
Pela terceira vez atravessei o Douro desta vez de barco na " Flor do Gás " que faz a ligação entre as duas margens e como ainda era cedo não dormi no Porto e segui pelo Caminho da Costa passando pelo Castelo do Queijo; Matosinhos com o seu Obelisco da Memória a Norte, entre ciclovias e passadiços junto às diversas praias cheguei a Vila do Conde.
O Mosteiro de Santa Clara é o cartão de visita desta cidade procurei o Albergue com o mesmo nome, neste albergue ainda se encontram mais peregrinos todos estrangeiros claro porque a maioria faz o Caminho a partir do Porto.
 Acabei o dia a jantar um excelente arroz de cabidela acompanhado de vinho verde no Café Saura.

TRAJECTO STRAVA